Por Paula Lourenço
Beneficiados são ex-moradores dos Engenhos Ilha e Jurissaca, no Cabo de Santo Agostinho, onde será construída a Companhia Siderúrgica Suape
Oitenta e cinco agricultores oriundos dos Engenhos Ilha e Jurissaca, no Cabo de Santo Agostinho, que foram remanejados pelo Complexo Industrial Portuário de Suape para a construção da Companhia Siderúrgia Suape (CCS), receberam o título de posse de suas novas terras em Barreiros, na Zona da Mata Sul do Estado, a 110 quilômetros do Recife. Cada família foi contemplada com uma parcela de 5 hectares no Assentamento Valdir Ximenes Farias, cuja área total compreende 1.100 hectares, divididos entre os engenhos Bombarda e Roncador. A cerimônia de entrega aconteceu neste domingo (14.07) no próprio assentamento, com a presença dos agricultores e de integrantes da empresa Suape e do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco (Iterpe), ligado à Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária e responsável por todo o processo.
O Governo do Estado investiu R$ 553 mil no projeto do assentamento, adquirido por negociação conduzida pela Procuradoria Geral do Estado, conforme Decreto n° 37.840, de 7 de fevereiro de 2012. Os primeiros agricultores se mudaram para lá em junho de 2012. Atualmente, estas 85 famílias residem no local, onde há plantação de diversas culturas, entre elas, abacaxi, feijão, fava, macaxeira, inhame, jerimum, milho, melancia e coco. Um deles é o agricultor Domingos Borges de Oliveira, com 76 anos de idade, 25 deles dedicados à lavoura. Nascido em Moreno, no Grande Recife, ele havia se estabelecido em Suape no ano de 1987.
Para seu Borges, como é chamado na comunidade, o dia da entrega de título foi histórico em sua vida. “Com esse título, a terra agora é minha mesmo. Vou poder trabalhar melhor. Cheguei aqui (no Assentamento Ximenes) no ano passado e já plantei 1.800 pés de abacaxi, duas contas (444 metros quadrados) de macaxeira e batata. Estou colhendo uma conta de milho”, detalhou Borges, que recebeu o título de posse do lote 109.
O diretor de Gestão Fundiária e Patrimônio do Complexo Industrial Portuário de Suape, Sebastião Pereira Lima Filho, informou durante a solenidade, que, dentro de cinco anos, os agricultores receberão a propriedade da terra, se comprovarem efetivamente a prática da lavoura. “Este momento é de uma simbologia muito grande. Hoje (domingo), estamos entregando o título de posse e não tenho a menor dúvida que, daqui a cinco anos, o governador entregará a vocês a propriedade da terra”, declarou.
Pereira Lima afirmou que Suape, junto com os órgãos do Governo do Estado, vai se empenhar para que os agricultores possam obter junto à Caixa Econômica o financiamento para construir suas moradias pelo Programa de Habitação Rural. A iniciativa atende às expectativas do agricultor Ailton de Menezes Santos, 58, que recebeu o título de posse de terra número 35. “Ainda estou morando na casa que era do engenho. Com o título, espero poder dar entrada na minha casa e seguir minha vida com meus projetos. Hoje planto macaxeira, abacaxi e estou começando a criar abelhas para negociar”, pontuou. O mesmo objetivo de venda tem o agricultor Júlio Inácio da Silva, 73 anos. Estou plantando 1.000 pés de inhame e 400 pés de abacaxi e cavei 38 covas de jerimum para vender na feira de Barreiros”, comentou.
A produção dos agricultores não deve se restringir ao próprio consumo ou para vender na feira do município. Em breve, a Prefeitura de Barreiros pretende usar os alimentos no cardápio das escolas municipais. “Este título servirá para que vocês possam pegar financiamento bancário, fazer suas lavouras e produzir melhor para que a prefeitura possa comprar esses alimentos”, afirmou o prefeito de Barreiros, Carlinhos da Pedreira, que se comprometeu em ajudar a comunidade na melhoria do acesso ao local.
SIDERÚRGICA SUAPE – A CSS é um projeto estruturador privado de R$ 1,64 bilhão. O empreendimento que ajudará a alavancar a economia de Pernambuco deve fornecer matéria prima para as cadeias produtivas naval, automotiva e eólica. No pico da produção, a siderúrgica deverá produzir até 1 milhão de toneladas por ano de aços laminados.