Assentamento Valdir Ximenes vai ganhar ecotecnologia que utiliza material orgânico
Os agricultores e trabalhadores rurais que moram no Assentamento Valdir Ximenes, localizado em Barreiros, aprenderam uma maneira sustentável e orgânica de fabricar gás de cozinha e biofertilizante que serve de adubo para as plantações: por meio de um biodigestor, ecotecnologia bastante simples e de fácil manejo. Construído de forma colaborativa por moradores e técnicos do Serta (Serviço de Tecnologia Alternativa), empresa reconhecida internacionalmente contratada por Suape, o equipamento produz gás e biofertilizante a partir das fezes de bovinos. O assentamento foi criado pela administração de Suape em 2013.
Além de ajudar na preservação do meio ambiente, ao dar uma destinação correta a esses resíduos, o biodigestor gera economia para quem a utiliza, reforçando o conceito de economia circular no território. "A criação de bovinos é uma das atividades das famílias que moram no Assentamento Valdir Ximenes e, com isso, observamos, junto aos moradores, a necessidade de uma solução que traga eficiência, agilidade e sustentabilidade ao local", afirma Carlos André Cavalcanti, diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Suape.
A ecotecnologia foi instalada no Engenho Bombarda, em um espaço de 32 metros quadrados, no quintal dos agricultores Gilvan Francisco Melo, 72, e Sônia Maria da Silva, 59. O equipamento, que possui 3 mil litros de capacidade, produz gás para uma família de até 10 pessoas. A partir da construção coletiva, os demais moradores poderão replicar a técnica em suas casas. "Essa é uma ecotecnologia nova que vai nos beneficiar, não vamos mais precisar gastar dinheiro com gás de cozinha e a gente vai ter gás natural que não prejudica a natureza e ajuda o meio ambiente. Isso vai revolucionar o ser humano, a saúde.", disse Sônia.
Bactérias anaeróbicas (que vivem sem oxigênio) são as grandes responsáveis pela funcionalidade do biodigestor. Acontece da seguinte forma: as fezes de animais são depositadas no equipamento, que fica coberto por lonas, num ambiente completamente fechado, sem oxigênio. Em seguida, elas se alimentam dos dejetos depositados no biodigestor e, com isso, se reproduzem, gerando assim, o biogás e o biofertilizante. "É uma ecotecnologia altamente sustentável, que ajuda o meio ambiente e evita totalmente o desperdício. E, além do gás de cozinha, o biodigestor pode até gerar energia elétrica. Isso é muito mais do que uma ecotecnologia, é processo educativo para que as famílias realizem a transição agroecológica e produzam e consumam alimentos totalmente orgânicos", disse Germano Soares, um dos gestores do Serta.
Aquaponia - Em outubro deste ano, a comunidade inaugurou o sistema de aquaponia, ecotecnologia que une a piscicultura (criação de peixes) e a hidroponia (cultivo de hortaliças com as raízes submersas na água), reutilizando a água de forma circular. O equipamento, que também foi instalado pelo Serta, está localizado no Engenho Roncador. Os agricultores também tiveram a oportunidade de participar de um curso promovido pela instituição sobre inclusão socioprodutiva. As aulas aconteceram nos dias 21 e 22 de outubro, em Glória do Goitá, e tinham como objetivo, ensiná-los sobre agricultura orgânica.