Suape reassentará ex-moradores do Complexo em três engenhos no Cabo e na Mata Sul

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Por Karen Fon

Ao todo, há 1,8 mil hectares para serem distribuídos entre famílias de agricultores

Ex-moradores das zonas industriais ou de preservação ecológica do Complexo Industrial Portuário de Suape receberão lotes de terras para produção agrícola. A administração de Suape iniciou, neste mês, o sorteio de 240 glebas situadas nos engenhos Sacambu, no Cabo de Santo Agostinho, com 457 hectares; e Almécegas e Arranca, em Água Preta, na Mata Sul do Estado, com 876 e 554 hectares, respectivamente. Juntas, as áreas somam 1.887 hectares. Cada família receberá uma gleba de 5 hectares num dos assentamentos, que reservarão 20% de sua área à preservação ecológica. Com Sacambu, Almécegas e Arranca, sobe para quatro o número de assentamentos implantados por Suape para os ex-moradores do Complexo. A área total chega a 3 mil hectares, com desapropriação realizada pelo Estado. O primeiro assentamento, o Valdir Ximenes, foi criado em 2012. Situada em Barreiros, na Mata Sul, a área de 1.100 hectares abriga 116 famílias.

Os primeiros lotes sorteados foram do engenho Sacambu, no último dia 6 de maio, no auditório do Centro Administrativo de Suape. Ao todo, foram sorteadas 48 glebas, sendo 24 deles para as famílias da Fazenda dos Trabalhadores, oriundas do município de Ipojuca. Elas saíram da área, que fica dentro da Unidade de Conservação de Bita e Utinga, para ser realizada a compensação ambiental da Refinaria Abreu e Lima. Uma das contempladas com as glebas foi a agricultora Maria de Lina. “Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Achava que esse dia nunca iria chegar. Estou realizando um sonho, porque agora sou a dona da terra e de lá ninguém vai me tirar”, comentou, sem conter a emoção. Além da família de Maria, outras 70 são remanescentes da Fazenda dos Trabalhadores. Todas elas foram indenizadas pela administração de Suape por suas benfeitorias, num valor global de R$ 4,5 milhões.

Os outros 24 lotes de Sacambu sorteados ficaram com as famílias que já residiam no engenho, mas que estavam na área de forma irregular. “Como estamos realizando a regularização fundiária de Sacambu, as famílias nativas desse engenho também têm o direito ao acesso a terra, agora resguardadas legalmente”, afirmou o diretor de Gestão Fundiária e Patrimônio de Suape, Sebastião Pereira Lima. Ele esclareceu, ainda, que as famílias sorteadas já podem se mudar ainda neste mês, caso desejem, pois a documentação está regularizada.

No segundo semestre deste ano, está previsto um novo sorteio de mais 192 lotes, situados nos engenhos Almécegas e Arranca. Essas glebas contemplarão as 47 famílias remanescentes da Fazenda dos Trabalhadores que não foram sorteados para Sacambu e outros ex-moradores de Suape ou que ainda estão em fase de negociação de indenizações para serem realocadas da área. “Vamos fazer os sorteios nos mesmos moldes do primeiro. A expectativa é, terminadas essas etapas, as famílias também possam se mudar de imediato”, complementou Pereira Lima.

ÁREA URBANA A implantação de assentamentos de Suape faz parte da política de gestão fundiária da administração do Complexo que, além de atender os agricultores, apresenta uma opção aos ex-moradores com perfil urbano: o Projeto Habitacional de Suape. Estimada em R$ 235 milhões, a iniciativa beneficiará, ao todo, 6,8 mil famílias, com a construção de 2.620 casas do Conjunto Habitacional Nova Vila Claudete, no Cabo de Santo Agostinho, nos moldes do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) da Caixa Econômica Federal; e com a consolidação de oito comunidades do entorno de Suape, ou seja, com a realização de acompanhamento social, o que já vem acontecendo há pouco mais de um ano, e, em breve, com a realização de obras de infraestrutura, como calçamentos, esgotos, entre outras benfeitorias.